Tudo o que você precisa saber Sobre Produtos Perigosos
Preparamos este conteúdo especialmente para nossos alunos do curso MOPP
.
RISCOS QUÍMICOS
1 – Introdução
Os avanços tecnológicos resultam na criação de milhares de produtos químicos todos os anos, os quais devem necessariamente ser transportados, em sua grande maioria, pelo modal rodoviário, podendo assim gerar acidentes com a conseqüente liberação do produto para o meio ambiente. Para a realização de uma adequada ação de resposta a um acidente envolvendo produtos perigosos, é necessário conhecer os principais riscos associados a esses materiais.
A a ONU – Organização das Nações Unidas agrupou os produtos químicos em nove classes de risco, conforme segue:
Classe 1 – Explosivos;
Classe 2 – Gases;
Classe 3 – Líquidos Inflamáveis;
Classe 4 – Sólidos Inflamáveis;
Classe 5 – Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos;
Classe 6 – Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes;
Classe 7 – Material Radioativo;
Classe 8 – Substâncias Corrosivas;
Classe 9 – Substâncias e Artigos Perigosos Diversos.
Cada uma das classes de risco acima (e suas respectivas subclasses) representa um risco específico durante uma situação de emergência. Conhecer e respeitar esses riscos representa a primeira etapa para lidar com o problema.
Conceitos Gerais Sobre Produtos Químicos
O conhecimento de alguns conceitos sobre produtos químicos é essencial para que as equipes de resposta às emergências químicas possam atuar de forma segura. Paracelso, no século XVI afirmou que: “Todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que não seja tóxica. A dose estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento”. Esta afirmação ainda é muito importante para aqueles que realizam o atendimento a acidentes com produtos perigosos, pois deixa claro que toda e qualquer substância pode ser perigosa ao homem sob condições excessivas de uso ou contato.
Não há, portanto uma substância que seja absolutamente segura e que não ofereça algum tipo de risco. Mesmo os produtos que não são classificados pela ONU como perigosos para o transporte rodoviário, apresentam riscos ao homem e ao meio ambiente. Ainda que esse risco seja menor do que os produtos classificados como perigosos da ONU, esse risco existe e, portanto não deve ser desprezado. Esse é o primeiro, e um dos principais conceitos a ser respeitado nas emergências químicas.
O segundo conceito importante diz respeito à forma como a contaminação por um produto químico pode ocorrer. Há três principais vias de intoxicação com produtos químicos: inalação, absorção cutânea e ingestão. Nas emergências químicas, a inalação é a principal via de intoxicação, seguida pela absorção cutânea (contato com a pele) e pela ingestão.
A inalação é a forma mais comum de intoxicação, pois os produtos químicos tendem a evaporar, portanto podem se dispersar no ambiente, atingindo longas distâncias, aumentando a possibilidade de intoxicar as equipes de resposta. Os produtos muito solúveis em água como a amônia, ácido clorídrico e ácido fluorídrico, quando inalados dissolvem-se rapidamente na membrana da mucosa do nariz e da garganta, causando forte irritação. Para esses materiais, até mesmo baixas concentrações no ambiente provocam sérias irritações ao trato respiratório.
Com relação à absorção cutânea, a própria pele em algumas situações, atua como uma barreira protetora aos produtos perigosos, prevenindo assim a contaminação. No entanto, de acordo com o produto químico envolvido, o contato com a pele poderá provocar sua irritação ou mesmo sua destruição, como ocorre nos casos do contato com materiais corrosivos, como ácido sulfúrico, ácido nítrico, soda cáustica, entre outros. Alguns produtos têm a capacidade de penetrar na pele e atingir a corrente sanguínea, causando intoxicações, como é o caso de muitos pesticidas.
Embora possa ocorrer à ingestão de produtos químicos, nas emergências é muito raro esse tipo de contaminação. No entanto é possível que a ingestão de produtos químicos ocorra involuntariamente durante o ato de fumar ou se alimentar com mãos contaminadas, ou quando se fuma ou se alimenta em ambientes contaminados. Normalmente as quantidades envolvidas nesse tipo de contaminação são pequenas, porém quando produtos altamente tóxicos estão presentes, mesmo pequenas quantidades podem causar severas intoxicações.
Para evitar qualquer tipo de intoxicação com produtos químicos nas emergências, será necessário associar conhecimento sobre os riscos oferecidos pelo material envolvido no acidente com boas práticas de trabalho e o uso de equipamentos de proteção individual.
Vias de intoxicação com produtos químicos: inalação, absorção cutânea e ingestão
O terceiro conceito refere-se ao tipo de exposição que um técnico pode sofrer durante um atendimento emergencial. As exposições aos produtos químicos podem ser crônicas ou agudas. Crônicas são as exposições que ocorrem de forma repetitiva, normalmente várias vezes durante um período, enquanto que exposições agudas são aquelas que ocorrem uma única vez.
Os dois tipos de exposições podem estar presentes nas emergências químicas e, são perigosas ao homem. Muitas vezes os sintomas de uma intoxicação química não se manifestam imediatamente após a exposição aos produtos perigosos, ou seja, somente depois de várias horas de exposição ao produto é que serão observados os primeiros sintomas da intoxicação, agravando os danos.
O quarto conceito é que os produtos podem existir em todos os estados da matéria (sólido, líquido e gasoso), portanto apresentam comportamentos distintos quando liberados para o meio. Por exemplo, a mobilidade dos produtos será diferente para cada estado físico da matéria, assim como os riscos associados a cada estado físico.
Gases tendem a se dispersar no ambiente de acordo com as condições ambientais (direção e velocidade do vento, temperatura, umidade atmosférica) no cenário acidental, enquanto que sólidos tendem a apresentar baixa mobilidade. Já os líquidos, quando vazados, escoarão de acordo com a declividade do terreno, podendo atingir o sistema de drenagem da rodovia e até mesmo um corpo d’água.
O estado físico do produto é um dado importante, pois associado às outras informações, determinará as ações a serem desencadeadas nas diversas etapas do atendimento emergencial como aproximação, isolamento de área e nas próprias ações de controle da situação.
O quinto conceito é que nem todos os gases e vapores apresentam cor e odor. Portanto, não se pode assumir nas emergências químicas que a não visualização de uma nuvem na atmosfera ou a inexistência de algum odor estranho ao ambiente, represente uma situação segura.
Muitos produtos não apresentam cor e odor e são extremamente perigosos devido a sua toxicidade ou inflamabilidade, como o monóxido de carbono. Outros materiais apresentam odor somente em grandes concentrações no ambiente, ou seja, quando já provocaram alguma ação tóxica ao homem.
O sexto conceito é relativo aos fenômenos físicos, aqueles em que não há alteração da constituição da matéria e nem a formação de outros produtos. Os produtos químicos sofrem variações na sua forma quando se altera pressão e temperatura.
Muitos materiais são transportados sob pressão, potencializando os efeitos destrutivos quando liberados no meio. Da mesma forma, alguns produtos são transportados a baixa temperatura enquanto que outros são transportados a elevadas temperaturas, o que pode alterar o estado físico do produto. Isso significa que após o vazamento, tais produtos poderão mudar de estado físico, com a conseqüente alteração do comportamento no meio.
O sétimo conceito refere-se aos fenômenos químicos, nos quais ocorre formação de outras substâncias químicas, ou seja, há reação química. Essas reações podem ocorrer quando duas ou mais substâncias entram em contato (incompatibilidade química) ou no caso de incêndios, pois ocorre a queima do combustível com a conseqüente formação de gases irritantes e tóxicos.
Os conceitos acima são válidos para produtos perigosos de qualquer classe de risco e deverão sempre serem considerados e respeitados pela equipes de resposta às emergências químicas.
CLACIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS
2 – Classe 1 – Explosivos
Explosivos são certamente uma das mais perigosas classes de risco. Acidentes envolvendo explosivos são pouco comuns quando comparado com as demais classes de risco.
O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química extremamente rápida, produzindo simultaneamente grandes quantidades de gases e calor. Os gases liberados expandem-se a altíssima velocidade e temperatura, gerando um aumento de pressão e provocando o deslocamento do ar. Esse deslocamento de ar é suficientemente elevado para provocar danos às pessoas (ruptura de tímpano, por exemplo) e edificações (colapso parcial ou total).
Os explosivos podem existir nos estados sólido ou líquido e podem envolver uma mistura de substâncias. Os explosivos líquidos são extremamente sensíveis ao calor, choque e fricção, como, por exemplo, azida de chumbo, fulminato de mercúrio e nitroglicerina. Essa última, por questões de segurança, deve ser transportada na forma de gelatina ou dinamite. A pólvora é um exemplo de uma mistura explosiva, já que é composta de enxofre, carvão em pó e nitrato de sódio (salitre).
A Resolução ANTT nº 420/04 divide esta classe em seis subclasses de risco:
Subclasse 1.1 – Substâncias e artigos com risco de explosão em massa
Exemplo: TNT, fulminato de mercúrio.
Estas substâncias geram fortes explosões, conhecidas por detonação.
Subclasse 1.2 – Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa
Exemplo: Granadas.
Estas substâncias geram pequenas explosões, conhecidas por deflagração.
Subclasse 1.3 – Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa.
Exemplo: artigos pirotécnicos.
Subclasse 1.4 – Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo Exemplo: dispositivos iniciadores.
Subclasse 1.5 – Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa Exemplo: Explosivos de demolição.
Subclasse 1.6 – Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa Exemplo: não há exemplos de produtos dessa subclasse na Resolução nº 420 da ANTT.
A explosão é um fenômeno muito rápido, para o qual não há tempo de reação. Assim, as ações durante a emergência deverão ser preventivas e incluem o controle dos fatores que podem gerar um aumento de temperatura (calor), choque e fricção.
Ressalta-se que os equipamentos de proteção individual normalmente utilizados para proteger as equipes de emergência quando do manuseio ou exposição aos produtos químicos, não oferecem proteção ao fenômeno explosão. Roupas especiais de proteção somente estão disponíveis no exército ou com o fabricante do produto, razão pela qual poderão ser acionados para prestar apoio na emergência. Roupa especial de proteção para manuseio de explosivos
É importante ressaltar que não estão incluídos nessa classe de risco todos os produtos que podem gerar explosões, tais como líquidos e gases inflamáveis, agentes oxidantes e peróxidos orgânicos ou mesmo as explosões geradas a partir de reações químicas entre dois ou mais produtos.
Classe 2 – Gases
Esta classe de risco é uma das mais envolvidas nas emergências, já que o volume movimentado é muito grande, pois tais produtos são utilizados na indústria, comércio e residências.
Gás é um dos estados físicos da matéria. Nesse estado, os materiais apresentam a capacidade de moverem-se livremente, ou seja, expandem-se indefinidamente no ambiente. Outra característica dos gases é que são influenciados pela pressão e temperatura. A maioria dos gases pode ser liquefeita com o aumento da pressão e/ou diminuição da temperatura.
A alta mobilidade dos gases no ambiente faz com que as operações de emergência envolvendo esses materiais sejam normalmente mais complexas, situação essa potencializada pelas características intrínsecas que os produtos dessa classe podem apresentar como inflamabilidade, toxicidade e corrosividade bem como pelos parâmetros físicos envolvidos no transporte desses materiais como pressão e temperatura.
De acordo com a Resolução ANTT nº 420/04, a classe 2 apresenta três subclasses de risco:
Subclasse 2.1 – Gases inflamáveis Exemplo: GLP, butano, propano.
Subclasse 2.2 – Gases não-inflamáveis, não-tóxicos
Exemplo: oxigênio líquido refrigerado ou comprimido, nitrogênio líquido refrigerado ou comprimido.
Subclasse 2.2 – Gases tóxicos
Exemplo: cloro, amônia, sulfeto de hidrogênio.
Os gases podem ser agrupados em quatro categorias:
As quatro categorias acima são bem diferentes entre si e necessitam de ações distintas nas emergências.
Gases Comprimidos
Para efeito de transporte, muitos os gases são comprimidos por meio de aplicação de pressão, permanecendo no estado gasoso. Em caso de vazamento, a liberação desses gases ocorre a uma enorme velocidade de saída, portanto qualquer pessoa situada na frente do jato formado, sofrerá forte impacto físico. Exemplos de gases comprimidos são: argônio, hidrogênio e hélio.
Figura – Cilindros utilizados para armazenamento e transporte de gases comprimidosGases liquefeitos
São os gases que ao receberem a aplicação de pressão tornaram-se líquidos. Exemplos de gases comprimidos (ou pressurizados) liquefeitos são: GLP, cloro e amônia.Muitos gases, como GLP e cloro, são mais densos do que o ar, ou seja, após serem liberados para o ambiente, permanecem próximos ao solo, situação essa de maior complexidade e risco já que próximo ao solo estão as pessoas e as possíveis fontes de ignição.
Nos casos de incêndio, haverá sempre a possibilidade de ruptura catastrófica dos vasos de pressão, com o consequente deslocamento do ar, projeção de estilhaços e do produto envolvido e, portanto, nas condições de incêndios, será necessário realizar um grande isolamento de área.
Figura – Atendimento emergencial envolvendo gás liquefeito
Gases dissolvidos
São os gases que se encontram dissolvidos sob pressão em um solvente, como é o caso do acetileno, transportado dissolvido em acetona.
Gases criogênicos
São os gases que para serem liquefeitos devem ter sua temperatura reduzida a valores inferiores à –150º C. Exemplos de gases criogênicos são: nitrogênio líquido, oxigênio líquido, gás carbônico líquido. Devido a sua baixa temperatura, em caso de contato com esses materiais, serão geradas gravíssimas queimaduras ao tecido humano.A baixa temperatura também poderá causar o congelamento de outros materiais como ferro e aço, tornando-os quebradiços e, portanto podendo gerar situações de risco. Figura – Carreta utilizada para transporte de gases criogênicos
3 – Classe 3 – Líquidos Inflamáveis
A maioria dos acidentes rodoviários com produtos perigosos envolve líquidos inflamáveis, principalmente combustíveis como gasolina, álcool e óleo diesel.Líquido inflamável são líquidos, mistura de líquidos ou líquidos contendo sólidos em solução ou em suspensão, que produzem vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5 oC num teste padrão em vaso fechado. Portanto, a maioria desses materiais pode queimar facilmente na temperatura ambiente.
O conceito de líquido inflamável refere-se aos produtos que podem gerar uma reação de combustão. Combustão é reação química entre dois agentes, o comburente, normalmente oxigênio, e o combustível, em proporções adequadas, provocada por um terceiro agente, a fonte de ignição. Caracteriza-se por alta velocidade de reação e pelo grande desprendimento de luz e calor. Os três agentes formam o conhecido triângulo do fogo, constituindo-se em elementos essenciais ao fogo. Se um desses elementos não estiver presente, não haverá fogo. Figura Triângulo do fogo
O oxigênio (comburente) para as reações de combustão é aquele existente no ar atmosférico. O combustível é o próprio produto químico envolvido na ocorrência. A fonte de ignição, necessária para o processo de combustão é o elemento que as equipes de resposta poderão controlar durante a emergência de modo a evitar a queima do produto.
Dentre as possíveis fontes de ignição existentes num cenário acidental destacam-se as chamas vivas, superfícies quentes (escapamentos, motores), baterias, cigarros, faíscas por atrito e eletricidade estática.
A eletricidade estática é a carga que um veículo acumula durante o transporte, sendo que esta poderá gerar uma faísca (fonte de ignição) caso esse veículo seja conectado ao veículo acidentado (por exemplo, para a realização de transbordo de carga), sem que haja a descarga dessa carga acumulada para a terra.A consequência dessa faísca poderá ser a ignição do produto químico, caso seja inflamável.
Sempre que um produto inflamável estiver envolvido numa emergência, as equipes de resposta deverão ter a preocupação de eliminar ou controlar todas as fontes de ignição existentes, de modo a evitar o processo de combustão. Figura Chamas abertas são fontes poderosas de ignição
Especial cuidado deverá ser adotado nas operações de destombamento de carretas e vasos de pressão, pois as operações de arraste desses recipientes geram muitas faíscas, podendo causar a ignição do produto envolvido.
Ressalta-se que todo processo de combustão libera gases irritantes e tóxicos, portanto especial atenção deverá ser dada às situações com envolvimento de incêndios.
Os equipamentos utilizados nas emergências envolvendo produtos inflamáveis, como lanternas e bombas, deverão ser intrinsecamente seguros.Por questões de segurança não se recomenda contenção de um produto inflamável próximo ao ponto de vazamento, dada a possibilidade de uma eventual ignição com o conseqüente envolvimento de toda a carga transportada.
Classe 4 – Sólidos Inflamáveis,Substâncias Sujeitas Á Combustão Espontânea,Substâncias Que, Em Contato Com A Água,Emitem Gases Inflamáveis
Os produtos dessa classe apresentam a propriedade de se inflamarem com facilidade na presença de uma fonte de ignição, até mesmo em contato com o ar ou com a água.Os produtos dessa classe de risco são, em sua grande maioria sólidos, portanto apresentam baixa mobilidade no meio quando da ocorrência de vazamentos.
A Resolução ANTT nº 420/04 divide esta classe em três subclasses de risco:
Subclasse 4.1 – Sólidos inflamáveis, substâncias auto-reagentes e explosivos sólidos insensibilizados
Os produtos desta subclasse podem se inflamar quando expostos a chamas, calor, choque e atritos. Todos os cuidados relativos aos líquidos inflamáveis se aplicam para os sólidos inflamáveis. Como exemplos destes produtos podem se citar o nitrato de uréia e o enxofre.
Subclasse 4.2 – Substâncias sujeitas à combustão espontânea
Nesta subclasse estão agrupados os produtos que podem se inflamar em contato com o ar, mesmo sem a presença de uma fonte de ignição. Tais produtos são transportados, na sua maioria, em recipientes com atmosferas inertes ou submersos em querosene ou água.
Quando da ocorrência de um acidente envolvendo estes produtos, a perda da fase líquida poderá propiciar o contato dos mesmos com o ar.
O fósforo branco ou amarelo, sulfeto de sódio, carvão e algodão são exemplos de produtos que ignizam espontaneamente, quando em contato com o ar.
Figura – Incêndio envolvendo carvão
Subclasse 4.3 – Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis
As substâncias pertencentes a esta classe por interação com a água podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em quantidades perigosas.
O sódio metálico, por exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato como a água, liberando o gás hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o carbureto de cálcio, que por interação com a água libera acetileno.
Figura Pastilha de sódio metálico
Classe 5 – Substâncias Oxidantes E Peróxidos Orgânicos
Esta classe reúne produto que, em sua maioria, não são combustíveis, mas que podem liberar oxigênio, aumentando ou sustentando a combustão de outros materiais.
Devido à facilidade de liberarem oxigênio, estas substâncias são instáveis e reagem quimicamente com uma grande variedade de produtos, podendo gerar incêndios, mesmo sem a presença de uma fonte de ignição. Esses materiais são incompatíveis em particular com os líquidos e sólidos inflamáveis.
Alguns produtos dessa classe reagem com materiais orgânicos, portanto em caso de vazamentos não deverá ser utilizado terra ou serragem para contenção, sendo a areia úmida mais recomendada para essa operação.
Nos casos de fogo, a água é o agente de extinção mais eficiente, uma vez que retira o calor e a reatividade química dos produtos dessa classe.A Resolução ANTT nº 420/04 divide esta classe em duas subclasses de risco:
Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes
Nesta subclasse encontram-se os produtos que podem fornecer oxigênio para uma reação de combustão, intensificando-a.
Como exemplos de produtos oxidantes, destacam-se o peróxido de hidrogênio (conhecido por água oxigenada) e permanganato de potássio.
Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos
Os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo a maioria irritante para os olhos, pele, mucosas e garganta.
Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são termicamente instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e auto-acelerável, criando o risco de explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.
Como exemplo, de peróxido orgânico, destacam-se o peróxido de butila e peróxido de benzoila.
4 – Classe 6 – Substâncias Tóxicas E Substâncias
Infectantes
A Resolução ANTT nº 420/04 divide esta classe em duas subclasses de risco:
Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas
Essa subclasse contempla as substâncias capazes de provocar a morte ou sérios danos à saúde humana, se ingeridas, inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades. Portanto, são produtos de alta toxicidade e representam um grande risco às equipes de resposta às emergências químicas, independente do estado físico do produto ou mesmo da quantidade envolvida num acidente.
Aspectos importantes como toxicidade, vias de intoxicação e formas de exposição já foram abordadas no item 3.1.Em razão da elevada toxicidade dos produtos dessa classe de risco, a manipulação desses materiais, independentemente do tipo de embalagem, não deve ser realizada sem a utilização de equipamentos de proteção individual.
Figura – Manipulação segura de produtos tóxicos
Os produtos dessa classe também apresentam elevada toxicidade para a vida aquática e, portanto, sempre que possível, a contenção dos mesmos é de fundamental importância.
Exemplos de produtos dessa classe são: acroleína, cianetos, fenol, pesticidas e metais.
Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes
São aquelas que contêm microorganismos ou suas toxinas. Podem provocar a morte de pessoas ou afetar a saúde. Por exemplo o Lixo hospitalar:
Normalmente são transportadas de hospitais para laboratórios de pesquisa em embalagens apropriadas e por pessoal altamente treinado.
Embora não se tratem de produtos químicos, foram incluídas na classe 6, em razão dos riscos que apresentam às pessoas, aos animais e ao meio ambiente. Os produtos desta classe são controlados pelos Ministérios da Saúde e da Agricultura, pois são largamente utilizados para fins medicamentosos e agrícolas.
Classe 7 – Materiais Radioativos
Materiais radioativos são essenciais para a sociedade moderna pois são utilizados na medicina, em pesquisa médica e industrial, geração de energia em usinas atômicas, etc.Materiais radioativos são materiais fisicamente instáveis que sofrem modificações espontaneamente na sua estrutura. Essas modificações ocorrem quando há transformação nos elementos que passam a emitir energia sob a forma de radiação.
Dá-se o nome de radioatividade justamente à propriedade que tais elementos têm de emitir radiação. Exemplos: Urânio 235, Césio 137, Cobalto 60 e Tório 232.
A radioatividade é uma forma de energia invisível, mas que pode ser sentida por aparelhos especiais, como o contador Geiger. É capaz de penetrar e atravessar vários tipos de materiais e até mesmo o corpo humano, ocasionando doenças muito graves e podendo levar pessoas à morte.
Entretanto, essas conseqüências nocivas dependem da dose, do tempo de exposição e do tipo de radiação. Exemplo: alfa, beta, gama e X.Não se deve aproximar de materiais radioativos que não estejam devidamente blindados.
Os materiais radioativos são muito bem acondicionados em embalagens normalmente blindadas, que possuem paredes ou coberturas de materiais que absorvem radiação ou atenuam ou impedem sua passagem.Acidentes com esses materiais podem contaminar objetos de todo tipo, além do meio ambiente, ocasionando conseqüências desastrosas, a exemplo do acidente em Goiânia, em setembro de 1987, cuja blindagem do Césio 137 foi destruída, ocasionando graves doenças às pessoas que tiveram contato com o material, inclusive provocando morte.
Classe 8 – Substâncias Corrosivas
Esta classe representa o segundo maior volume transportado pelo modal rodoviário, perdendo apenas para a classe 3 – líquidos inflamáveis.Substâncias corrosivas são aquelas que podem causar severas queimaduras quando em contato com tecidos vivos.
Podem existir no estado sólido ou líquido. Também causam corrosão ao aço. Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam essas propriedades, e são conhecidos por ácidos e bases. Como exemplo de produtos desta classe pode-se citar entre os ácidos: ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico e, entre as bases o hidróxido de sódio (soda cáustica) e hidróxido de potássio.
Algumas substâncias corrosivas liberam, mesmo na temperatura ambiente, vapores irritantes e tóxicos. Outras reagem com a maioria dos metais gerando hidrogênio que é um gás inflamável, acarretando assim um risco adicional.
Dada a possibilidade de causar queimaduras, as equipes de resposta devem utilizar equipamentos de proteção individual compatíveis com o produto envolvido. Figura – Queimaduras provocadas por substâncias corrosivas
Quando da ocorrência de vazamentos de produtos corrosivos, haverá a possibilidade de ser realizada a sua neutralização, por meio da aplicação de outro material corrosivo. Essa reação de neutralização é perigosa e provocará a emanação de grandes quantidades de vapores, os quais certamente prejudicarão na visibilidade da pista, podendo assim requerer a paralisação da circulação na rodovia.
Os produtos corrosivos causam severos impactos aos corpos d’água, razão pela qual, sempre que possível, é recomendável que seja realizada a contenção do produto. Caso um corpo d’água seja atingido por substâncias corrosivas, poderá ocorrer a mortandade de peixes bem como a paralisação do uso por indústrias, população ribeirinha e estações de captação de água para consumo público.
Classe 9 – Substâncias E Artigos Perigosos Diversos
Esta classe engloba os produtos que apresentam riscos não abrangidos pelas demais classes de risco. Nessa classe encontram-se os produtos que oferecem elevados riscos de contaminação ambiental. Exemplos de produtos desta classe são: óleos combustíveis, poliestireno granulado, dióxido de carbono sólido (gelo seco), amianto azul, farinha de peixe estabilizada e baterias de lítio.
.